A necessidade do perdão.
Evangelho de hoje: (Mateus 18,21–19-1).
“Senhor quantas vezes eu devo perdoar ao irmão que peca contra mim? até sete vezes? Jesus respondeu: “Não digo até sete, mas até setenta e sete vezes”.
Meus caros irmãos, Deus nos fez sua imagem e semelhança e por isso, participamos da sua bondade uma vez que na essência só Deus é bom, como disse Jesus no Evangelho. O perdão nos faz bem, mais próximos da essência do nosso Deus que não deseja a morte do pecador, e sim, que ele viva e se converta. (Ezequiel 33,11). Para responder a pergunta de Pedro, Jesus hoje conta a parábola de um servo que devia uma quantia impagável a seu patrão mas que encontrou da parte do mesmo um coração tão generoso, bondoso que perdoou toda a dívida. No entanto, esse mesmo servo não teve para com seu companheiro de trabalho a mesma atitude do seu patrão e, não foi capaz de perdoar uma dívida cujo valor era tão irrisório. Deus não tolera a exploração de quem, grave e pecador, oprime os outros por coisas sem importância. Esta parábola é um drama sempre em ato. Quem faz gastos absurdos e obtém indulto completo, engana depois um colega que lhe deve uma milharia. Este problema não é só econômico, mas de relações humanas. O Pai-Nosso que longe de ser uma oração decorada e sim é um programa de vida cristã nos coloca diante de um Deus disposto a nos perdoar mas que também nos pede para vivenciarmos o dom do perdão. A Eucaristia que participamos nos convida ao perdão recíproco que nos dá uma luz profunda. perdoar é sempre libertar um prisioneiro que no fundo somos nós mesmos.
São Maximiliano Maria Kolbe nos diz: “O ódio não é uma força criativa, a força criativa é o amor” o professor Alber Dias nos fala também sobre o que é o perdão na origem da sua palavra e os seus benefícios: “A palavra perdoar deriva do latim per + donare. «Per» significa intensidade, aumento, totalidade ou a fundo. «Donare» é o mesmo que doar. Portanto, perdoar poderia ser traduzido não só como absolver, desculpar, mas também como «doar intensa e totalmente» a dívida. Ora, doar significa dar sem querer ou esperar algo em troca, ou seja, dar gratuitamente. Assim, perdoar pode também ser compreendido como «dar totalmente» a dívida a alguém. Não em parte, não pela metade, mas «a fundo», totalmente. Isso significa dizer que não existe meio perdão nem perdão que guarda mágoas. Porque se perdoo, ou seja, se dou totalmente a dívida, não me resta nada, não me sobra nada para que possa exigir depois ou usar como justificativa para acusar a outra parte. Quando perdoamos alguém, rasgamos totalmente a dívida que aquela pessoa tinha conosco. Não sobra nada” em que consiste necessariamente o perdão? em fazermos o bem aqueles que nos fez tanto mau. Uma das maneiras de perdoarmos é a oração, desejar o bem a nossos inimigos: ‘Orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5,44). É bem verdade que existem pessoas que não conseguimos manter uma amizade ou um diálogo. Jesus é a prova cabal disso. não vemos no Evangelho tanta proximidade de Jesus com os fariseus e nem tão pouco com Herodes a quem Jesus o chamou de raposa velha. no entanto o sacrifício da Cruz foi e será sempre universal. Jesus deu a vida também pelos fariseus e Herodes. então, podemos chegar a essa conclusão: perdoar é fazer o contrário daquele mau que nos foi feito.
Lembremos o exemplo do bom samaritano. não existia boas relações entre judeus e samaritanos. No momento exato da necessidade daquele judeu, caído por terra, foi exatamente o samaritano que limpou as feridas e o conduziu para uma hospedaria. São João Crisóstomo, o boca de ouro dizia: “como podes levantar as mãos ao céu ou mover tua língua e pedir perdão? posto que Deus te queira perdoar, não lho permite enquanto não mudares da tua atitude hostil contra teu irmão”. Por sua vez Santo Agostinho dizia: “quem nega seu perdão ao irmão não espere receber os frutos de sua oração”. Como imagem de Deus o cristão deve reproduzir aquilo que Deus é: “Deus carita est’ (1João 4,8).
O diácono Santo Estêvão antes de morrer configurou-se a Cristo na cruz quando ao ser apedrejado e perto de morrer rezou; “Senhor, não lhes leves em conta esse pecado” (Atos 7,60).
“Um coração reconciliado com Deus e com o próximo é um coração generoso” (São João Paulo II).
Paz e Bem para todos.
– Padre Eufrázio da Silva Filho