Quarta-feira, Dezembro 11
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LIVE PROMOVIDA PELA CNBB E SBCC APRESENTOU A POSIÇÃO DA IGREJA CATÓLICA SOBRE A VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19

Como os cristãos devem se posicionar diante do cenário da vacinação contra a Covid-19? Esta é a pergunta que buscou responder a primeira live “Ciência e Fé Católica: Moralidade das vacinas anticovid-19”, promovida pelo Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), na quarta-feira, 20 de janeiro.

Tratou-se da primeira live de uma série de três que a CNBB promoverá, a cada 15 dias,  com o objetivo de discutir temas ligados à saúde, à ciência e à fé católica. As lives serão transmitidas ao vivo, às 17h, pela pelos canais da CNBB, SBCC e da Comissão para Cultura e Educação no Youtube. A live, muito elogiada pelos internautas, já conta nesta sexta-feira, 22 de janeiro, com mais de 1.700 visualizações.

O professor Deivid Carvalho, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), foi mediador da conversa que contou com as participações do padre Aníbal Lopes, doutor e membro da pontifícia Academia Pro Vita e da Academia Brasileira de Ciências, e de dom Francisco Agamenilton, bispo da diocese de Rubiataba-Mozarlândia (GO) e membro do Comitê Teológico da SBCC.

Deivid Carvalho, acima, à direita na foto, foi mediador da conversa que contou as participações do padre Aníbal Lopes e de dom Francisco Agamenilton (abaixo na foto). Foto: print da live.

O mediador destacou que os três encontros virtuais foram pensados para discutir as questões éticas levantadas pelo contexto da vacinação contra a Covid-19. “Neste contexto, somos convidados a refletir, oportunamente, sobre nossos laços de fraternidade, caracterizados pelo Papa Francisco de amizade social”, disse em clara referência à encíclica Fratteli Tutti.

A celebrada vacina, segundo Deivid Carvalho, enche a humanidade de esperança ao mesmo tempo que levanta questões éticas relacionadas ao direito individual e à coletividade. “Frente a tantas questões, voltamos ao velho dilema da liberdade individual e do respeito ao interesse coletivo”, disse. O debate e as reflexões da live buscaram apresentar os posicionamentos da Igreja Católica sobre as vacinas.

O que diz a Igreja Católica sobre a vacina contra a Covid-19

 

O bispo da diocese de Rubiataba-Mozarlândia (GO), dom Francisco Agamenilton, apresentou sua reflexão a partir da nota “Vacina para Todos: 20 pontos para um mundo mais justo e saudável”, publicada dia 29 de dezembro de 2020, pela Comissão Vaticana Covid-19, criada pelo Papa Francisco em abril de 2020, e pela Pontifícia Academia para a Vida.

Quando a comissão do Vaticano fala de vacina para todos, segundo o bispo, ela se baseia nos princípios básicos da Doutrina Social da Igreja: dignidade humana, bem comum, justiça, solidariedade, destinação universal de um bem público, proteção da Casa Comum e a opção da Igreja pelos pobres. “Quando falamos de vacina, estamos falando de vida. E a vida sempre foi objeto de cuidado e atenção da Igreja. Todas as formas de vida e principalmente a vida humana desde a concepção até a morte natural”, disse.

Segundo o bispo, falar de vacina é também falar da vida comunitária, aspecto essencial da vida cristã. “Infelizmente a vacina chegou num contexto em que as pessoas estão demasiadamente individualistas, vivendo cada uma no seu quadrado”, disse.

“Vacinar-se ou não é uma escolha. Portanto, uma questão ética que nos coloca diante do bem e do mal. O cristão deve tomar a vacina ou não? É moralmente obrigatório ou não? Estas são questões éticas e morais com as quais os cristãos encontram-se envolvidos nestes dias”, disse. De acordo com dom Francisco, a nota do Vaticano não obriga ninguém a vacinar, contudo suscita um sério questionamento sobre a responsabilidade na colaboração com o bem comum.

“A vacina que nos ajuda no combate à Covid-19 faz parte do bem comum. Nós temos a grave responsabilidade de favorecer e promover o bem comum. A responsabilidade moral de se submeter à vacina nos remete à ligação entre saúde pessoal e saúde pública. Nesse momento, a Igreja chamou ao exercício da nossa responsabilidade e atenção às outras pessoas. O cuidado com a sua vida implica em cuidado com a vida dos outros. Promover a sua saúde significa promover a saúde dos outros”, afirmou.

Segurança e implicações éticas

Sobre a segurança da vacina, o bispo disse que é momento de a humanidade renovar sua confiança na ciência e nas autoridades competentes. “Se não houver confiança em quem historicamente já demonstrou competência vamos confiar em quem?”, perguntou.

Segundo o bispo, a Congregação para a Doutrina da Fé, no dia 21 de dezembro de 2020, disse que é moralmente aceitável utilizar as vacinas contra a Covid-19 que utilizaram linhas celulares de fetos abortados em seu processo de investigação e produção. “Tomar a vacina, segundo a Igreja, não significa cometer um pecado e aprovar o aborto”, disse.

O bispo alertou que a Igreja não impõe ao cristão, por uma questão de livre consciência, a obrigatoriedade de se vacinar ante vacinas que usaram no seu desenvolvimento de fetos celulares abortados, mas aponta que estes têm, em contrapartida, o dever moral de procurar todos os meios de evitar que a Covid-19 se propague.

“Os outros meios para evitar a propagação precisam de comprovação científica como o distanciamento social e uso da máscara. Sair tomando qualquer tipo de remédio sem comprovação da medicina não é recomendável pela Igreja”, disse.

O padre Aníbal Lopes, doutor e membro da pontifícia Academia Pro Vita e da Academia Brasileira de Ciências, salientou ser difícil tratar de casuímos sem ter a visão ampla do quadro que contém todas as situações. “Se nós somos contra o aborto é porque a vida humana é um bem absoluto. Na questão das vacinas, segundo ele, é preciso se perguntar qual é o mal menor. A vacina não é remédio para pessoas doentes. É um remédio para uma doença que ataca e agride indistintamente a população com graves consequências econômicas”, disse.

O padre defendeu que este é um momento de extrema importância para as gerações nos últimos 100 anos. “É a primeira grande experiência humana de enfrentamento onde cada um é fundamental para o sucesso em vencer a doença e a morte e em fazermos a opção pelos dons maiores como o dom da vida, a saúde e o entendimento”, disse.

Ele defendeu que não é moralmente aceito para a comunidade internacional que alguém se aproprie destas vacinas como vem acontecendo neste momento. Sobre a segurança da produção da vacina, o representante da Academia Brasileira de Ciências defendeu ainda que não seria possível desenvolver a vacina contra a Covid-19 se não fosse o acúmulo de 200 anos da ciência na produção de vacinas.

 “Só a desinformação leva a temer as vacinas. Podemos ter absoluta certeza de que todas as etapas para o desenvolvimento das vacinas foram cumpridas. Os laboratórios brasileiros, Instituto Butantan e Instituto Manguinhos, entre outros, são preparados e competentes para produzir estas vacinas”, disse.

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