Chamado por muitos de seus contemporâneos no sacerdócio de matriz sacerdotal, monsenhor Waldir realizava sua missão conforme o chamado de Deus em sua vida, munido de simplicidade e regado de uma colossal unção divina, realizou seu pastoreio com disciplina, fidelidade e sobretudo com simplicidade. Servo fiel, eleito, chamado e capacitado para desempenhar o seu ministério com muito esmero e dedicação. Tão logo conheci este homem fui imediatamente impactado com seu olhar paternal, pois subitamente enxerguei neste sacerdote, santidade, pureza, fé, caridade, esperança, homem de oração, alguém preocupado em conduzir um rebanho para o coração de Deus.
Lembro-me certa vez quando sua casa foi assaltada, a zeladora da casa prontamente tomou as devidas providências de segurança, dentre elas a de colocar cacos de vidro no muro, local por onde entraram os ladrões, porém, monsenhor Waldir ao tomar conhecimento de que o pedreiro havia colocado caco de vidros, imediatamente pediu para retirar, pois, segundo o sacerdote, algum dia os assaltantes iriam correr o risco de se cortarem. Então, só os santos tem essa preocupação…
Possuía o hábito de não usar perfume, nunca externou o motivo, mas os que andavam com ele diziam ser simplesmente por um ato de humildade. Recordo uma de suas maiores preocupações: com seu rebanho. Então aconteceu o advento da irrigação na cidade do Marco (perímetro irrigado baixo Acaraú), tão logo via o progresso se aproximar em nossa cidade já intervia em virtude dos possíveis males que poderia ocasionar em seu rebanho, entre suas preocupações estava a prostituição, a delinquência dos jovens, a degradação das famílias, o abandono da fé, visto que ele tomava como base a cidade de Corinto narrado por São Paulo.
Isto foi tema do Zona vale do Acaraú que muito foi debatido e dialogado, ele manifestava preocupação e então, o padre Valdery na ocasião lhe acalentava com o bem econômico que traria aos paroquianos. Mas, ele respondeu insistindo de que este não era o bem maior, tamanha era sua preocupação com o bem espiritual de seus paroquianos. Monsenhor Waldir tinha um coração enorme, admirado e incompreensível em certos momentos por alguns. Era de praxe acolher todos os dias pela manhã em sua casa alguns pedintes, entre estes se repetiam diariamente e dava-lhes esmolas, havia ali uma mendigo em especial que sempre o importunava embriagado, apesar do pedinte diversas vezes ser repreendido por alguns de seus zeladores paroquiais, monsenhor Waldir tomando conhecimento repreendeu o zelador paroquial e disse que não era para barrar ninguém, na ocasião reverberou: “Aquelas pessoas pediam a esmola pelo amor de Deus”. Se alguém contestasse, ele silenciava e saía; nunca vi alguém sair de mãos vazias quando a ele recorresse.
Este santo sacerdote foi responsável por formatar e parametrizar a minha difícil adolescência, tive a grata satisfação de ser por vários anos seu acólito e de gozar de sua intimidade, seja nos serviços paroquiais, nas viagens a exercício ministerial ou em sua própria residência. O servo de Deus, formatou em minha vida disciplina e educação, duas molas mestras que impulsionaram a minha vida, que muito me ajudou a ser o homem que sou, seus conselhos, suas palavras foram pujantes, lamento copiosamente não ter usufruído o suficiente, pois deveria ter consumido o máximo, porém desviei de caminhos por algumas vezes, contrariando seus conselhos, sempre que o fiz me dei mal.
O Monsenhor Waldir é o arquétipo sacerdotal, pois foi Jesus Cristo quem o projetou, arquitetou, depositou sobre ele a graça para exercer esta árdua missão. Seu exemplo de vida sacerdotal serviu de baliza para muitos vocacionados ao ministério, suas virtudes, ainda hoje ecoam no prelado da Diocese de Sobral, deixando marcas espirituais, celestiais e salvífica.
Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo pelo servo de Deus, monsenhor Waldir!
Por
Paulo Tarso Silveira Filho,
Marco/CE, dezembro de 2021